O Que Sera

O que será que será

Que andam suspirando

Pelas alcovas?

Que andam sussurrando

Em versos e trovas?

Que andam combinando

No breu das tocas?

Que anda nas cabeças,

Anda nas bocas?

Que andam acendendo

Velas nos becos?

Estão falando alto

Pelos botecos

E gritam nos mercados

Que com certeza

Está na natureza

Será, que será?

O que não tem certeza

Nem nunca terá!

O que não tem conserto

Nem nunca terá!

O que não tem tamanho

O que será que Será?

Que vive nas idéias

Desses amantes

Que cantam os poetas

Mais delirantes

Que juram os profetas

Embriagados

Está na romaria

Dos mutilados

Está nas fantasias

Dos infelizes

Está no dia a dia

Das meretrizes

No plano dos bandidos

Dos desvalidos

Em todos os sentidos

Será? Que será?

O que não tem decência

Nem nunca terá!

O que não tem censura

Nem nunca terá!

O que não faz sentido

O que será? Que será?

Que todos os avisos

Não vão evitar

Porque todos os risos

Vão desafiar

Porque todos os sinos

Irão repicar

Porque todos os hinos

Irão consagrar

E todos os meninos

Vão desembestar

E todos os destinos

Irão se encontrar

E mesmo padre eterno

Que nunca foi lá

Olhando aquele inferno

Vai abençoar!

O que não tem governo

Nem nunca terá!

O que não tem vergonha

Nem nunca terá!

O que não tem juízo

O que não tem juízo